Foursquare - parte 2

Volto a escrever sobre o Foursquare (ver o post "E tu? Onde Estás?") porque tive acesso a um estudo da R2Integrated, uma empresa dedicada ao internet marketing, sobre social media marketing. O estudo foi realizado com marketeers de empresas multinacionais de renome e uma das perguntas solicitava a opinião dos inquiridos sobre o Foursquare.

É curioso que 44% dos marketeers desconhecia ou conhecia muito pouco sobre o Foursquare e apenas 30% reconhece o Foursquare como uma oportunidade para as empresas e estratégias de social marketing. Eu diria que um "observador" dos movimentos virtuais dos consumidores tem de conhecer um recurso de social media como o Foursquare. Não estou a fazer nenhuma recomendação do Foursquare para gerar leads para este site. Mas sou da opinião que um social media marketeer não pode ignorar as tendências e os hábitos dos consumidores se pretende comunicar e relacionar-se com eles.

Voltaremos a este estudo...

E tu? Onde estás?

Se as redes sociais permitem conhecer melhor os consumidores, como já aqui foi abordado, o Foursquare dá mais um passo na partilha de informação e, consequentemente, na possibilidade de melhor conhecer o consumidor através das pistas que este vai deixando.

O Foursquare é uma rede social não sedentária (ao contrário do Facebook ou do Twitter) que permite aos seus utilizadores informar a sua rede de contactos os sítios que visitaram através do telemóvel. Como funciona em tempo real, os utilizadores podem informar a sua rede onde estão num determinado momento. Cada vez que entra num local (um estabelecimento comercial, por exemplo), o utilizador avisa, com um click no telemóvel, onde está ("check in"). Quanto mais "check-ins", mais pontos acumula. Quem frequenta muitas vezes o mesmo lugar, pode ganhar o título de "mayor". O título fica com essa pessoa até que alguém a ultrapasse em frequencia. Os utilizadores também ganham "badgets" por descobrir lugares novos, por escrever resenhas e impressões das suas visitas. É uma rede que estimula os utilziadores a visitarem e recomendarem lugares.


Este recurso abre assim uma nova janela de oportunidade. Através desta rede é possível saber quais os locais que as pessoas frequentam e o que acham desses locais. Esta potencialidade começa já a ser explorada pelas marcas. A Starbucks, por exemplo, criou um programa de descontos especiais para utilizadores que façam mais vezes "check-in" num determinado local... naturalmente nos espaços Starbucks.

A rede fez um ano em Março e contava com mais de 500 mil utilizadores. Actualmente, segundo a Foursquare, o site está a processar 600 mil "check-ins" por dia, o dobro do que fazia há um mês atrás.

Se a "pegada virtual" dos consumidores era, até há pouco tempo, sedentária, agora o consumidor dá a conhecer as suas pegadas no mundo real.

Social networks go mobile... and real.

Consumer Power

Um estudo recente da Sophos revela dados alarmantes para a "facebooklândia": 60% dos participantes no estudo afirma já terem pensado abandonar a rede e 16% já chegou a vias de facto, cancelando a sua conta. O motivo para este aparente desagrado parece estar na forma como o Facebook trata os dados privados dos utilizadores, nomeadamente permitindo fugas de informação como a que terá acontecido recentemente (ver a notícia).

É este o paradoxo do Facebook. Por um lado, as pessoas expõem-se, proporcionando informação pessoal em quantidades como nunca tínhamos assistido; por outro reclamam direito à privacidade e insurgem-se quando os seus dados são acedidos por "indesejáveis". Paradoxal, ou talvez não. É que as pessoas, enquanto consumidoras, procuram algo que é, aparentemente, muito simples: CONTROLO. Controlo sobre a sua vida e as suas acções, sobre o quê e a quem disponibilizam os dados, sobre "amigar" e "desamigar".

E não se substime o "consumer power". O Facebook Protest, um movimento de utilizadores do Facebook indignado com a forma como a rede social trata as questões de privacidade, desafia os mais de 400 milhões de utilizadores a não utilizar o Facebook no próximo dia 6 de Junho. Não sabemos ainda a proporção e o impacto deste tipo de iniciativs. Contudo, esta situação vem chamar a atenção para dois aspectos com os quais podemos aprender:
1) O consumidor procura cada vez mais controlo sobre a situação de consumo e de interacção com as empresas e as marcas. Ignorar ou não ser sensível a esta necessidade pode ter duas consequências: afastamento ou insurgimento, como é o caso do Facebook Protest.
2) É um erro subestimar os movimentos de consumidores, ainda para mais quando são espontâneos e não organizados. Estes, ao contrário dos movimentos organizados ou institucionalizados, como a DECO e outros, são imprevisíveis não sendo fácil prever as consequências das suas iniciativas.

We consume, we have the power.

Share

Especialização ou diferenciação... eis a questão

Durante o processo de compra, a possibilidade de escolha sempre foi encarada como uma mais-valia. Os estudiosos do comportamento de consumo defendem que, à boa maneira da economia, ter muitas opções por onde escolher é positivo para o consumidor. Pois bem, estudos recentes demonstram que o processo de escolha não só causa stress, como inclusivamente o nosso cérebro não processa mais que 3 ou 4 possibilidades.

Uma das máximas do marketing, pelo menos ao nível da prática do marketing, é que diferenciar é fundamental. Tomemos um exemplo simples: guardanapos. Faça uma pesquisa rápida pelo linear de qualquer hipermercado. Quantas marcas e tipos de guardanapos consegue elencar? Pois é… são muitos. Desde com e sem folha dupla, guardanapos brancos, azuis, vermelhos, estampados, pequenos, grandes… é só escolher…

Contudo, o nosso cérebro não está preparado para processar tantas alternativas e, inconscientemente, vai reduzir drasticamente o número de opções para simplificar o processamento. É neste momento que, das 20 opções disponíveis, 16 ou 17 vão ficar de fora.

Por isso, se é gestor de marketing pense nisto: a diferenciação é assim tão importante? Neste momento estará a pensar “e a alternativa é ser igual a todos os outros???!!!”. Claro que não, certamente se o linear estiver cheio de guardanapos brancos, dupla folha, com embalagens muito parecidas e preços iguais, não haverá forma de o consumidor distinguir as alternativas, pegando no primeiro que estiver à mão.


Pense diferente: e se em vez de procurar a diferenciação, procurar a especialização? Parta deste raciocínio: quando uma marca se procura diferenciar, está a olhar para a sua concorrência; quando uma marca se procura especializar está a olhar para consumidor. A diferenciação parte do princípio que é fundamental apresentar ao consumidor alguma coisa diferente da concorrência; a especialização parte do princípio que se deve focar (especializar) em alguma coisa que o consumidor valoriza.

Já experimentou esta abordagem? Quais os resultados? Partilhe a sua experiência…

Share